O projeto “Reintegração de Posse – Território, memória e ancestralidade negro-indígena na Vila Itororó” é a continuidade, no tempo e no espaço da Vila, de um processo multilinguagem (teatro, audiovisual, literatura e artes visuais) de pesquisa, produção e formação sobre a Vila Itororó como espaço de moradia e local de agência cultural negro-indígena e periférica na produção do espaço urbano paulistano. Trata-se de um desdobramento e de uma ampliação da intervenção artístico-cultural “Reintegração de Posse”, realizada na Vila Itororó em agosto de 2019, dentro da programação especial da 5ª edição da Jornada do Patrimônio. 

A intervenção se constituiu de uma exposição iconográfica montada no galpão de entrada da Vila, integrada pelo ensaio fotográfico Suas outras memórias, de Alícia Peres, e por ampliações do conto A casa de Fayola, bem como das capas dos livros Cadernos Negros 08 e Reflexões sobre a literatura afro-brasileira (ambos publicados pelo grupo Quilombhoje Literatura em 1985) e Cadernos Negros Melhores Contos, publicado pelo Ministério da Cultura em 1998. Ainda como parte da intervenção, foram encenados, no interior da Vila, pelo grupo teatral Impulso Coletivo, o espetáculo Cidade Submersa e o experimento cênico Casa de Fayola, sendo este último elaborado especialmente para a ocasião, em parceria com o Quilombo Piracema de Teatro. 

A intervenção e o atual projeto materializam o encontro de duas gerações do movimento negro na cidade de São Paulo, personificadas pelo escritor Abilio Ferreira (60), autor do referido conto, e pelo ator e diretor Jorge Peloso (36), um dos fundadores do Impulso Coletivo. 

Ferreira integrou, de 1984 a 1990, o Quilombhoje, grupo de escritores ainda hoje em atividade, responsável, desde 1983, pela divulgação de poetas e contistas negras e negros de todo o Brasil através da antologia anual Cadernos Negros. Frequentador da Vila Itororó por vários anos, Ferreira ambientou nela o conto já mencionado. 

Junto de seu grupo Impulso Coletivo, Peloso atua na Vila Itororó há 12 anos, tendo acompanhado, de 2008 a 2013, a luta dos moradores para permanecer no local. A experiência gerou a peça “Cidade Submersa”, dirigida por ele e apresentada na própria Vila em vários momentos, e o já citado ensaio fotográfico que registra os vestígios das moradias recém desapropriadas. Atualmente, Camila Andrade passou a integrar o grupo, com quem junto de Peloso estão criando “Casa de Fayola”. 

De forma sensível e contundente, “Reintegração de Posse – Território, memória e ancestralidade negro-indígena na Vila Itororó” é um processo de pesquisa e formativo que rearticula duas experiências antes separadas por quase três décadas.

O principal objetivo do projeto é inscrever a Vila Itororó como um lugar de memória ancestral negro-indígena e da moradia popular na cidade de São Paulo, como um patrimônio cultural que, para além do papel desempenhado pelo seu construtor, foi erigido e sustentado como casa pelos grupos marginalizados da população – constituídos sobretudo por descendentes de indígenas e africanos. 

Casa de Fayola

Um dos objetivos dessa residência tem sido  transformar o experimento cênico “Casa de Fayola” em um espetáculo teatral inédito. 

Fayola e Alexandre cresceram juntos na Vila Itororó, na adolescência foram o primeiro casal de mestre sala e porta-bandeira da escola de samba G.R.C.E.S Quilombo Itororó. Fayola é uma importante zeladora de tradições culturais e líder na resistência desta comunidade contra a cobiça das transformações urbanas e das pressões econômicas sobre o emblemático território, localizado no Bixiga em São Paulo. Alexandre abandona a Vila em busca de uma vida melhor, regressa do exterior na época do carnaval depois de 5 anos para um encontro decisivo com Fayola. Sonha em viver com ela longe do lugar onde cresceram juntos, mas ela se mantém firmemente unida ao lugar e à sua cultura.

A dramaturgia do espetáculo Casa de Fayola é baseada no conto “A Casa de Fayola” de Abílio Ferreira, publicado originalmente no 8o. Caderno Negro1 (1985). O conto narra a história conflituosa de Fayola e Alexandre, um casal negro que vive na Vila Itororó. A Vila Itororó é um conjunto de casas no bairro do Bixiga, histórico bairro negro na região central de São Paulo. O Impulso Coletivo atua no local desde 2008, tendo criado “Cidade Submersa” (2010), sua primeira peça no mesmo local junto aos moradores da Vila Itororó, que lutavam para permanecer lá.

Direção e elenco Jorge Peloso e Camila Andrade
Dramaturgia Alexandre Rosa e Abílio Ferreira
Documentarista e fotógrafa Alicia Peres
Direção Musical e Músico Nivaldo Claudino e grupo
Preparação vocal Marina Afares
Direção de movimento Amanda Corrêa

Direção de Arte Gil Oliveira

Preparação de mestre-sala e porta bandeira Sueli Silvestre, Monalisa Bueno e Jonas Mattos, Cisne do Amanhã e Amespbeesp
Identidade visual Eto Valadão e Jorge Peloso
Iluminador e técnico de som André Rodrigues
Técnico de som Alê Vianna
Produção geral e financeira Camila Andrade e Jorge Peloso
Produção executiva Eto Valadão Nice Azevedo

Concepção geral: Impulso Coletivo

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