Ainda anterior ao “boom” das bicicletas e das tão polêmicas ciclofaixas na cidade de São Paulo nasciam os Ciclistas Bonequeiros na região do Campo Limpo, zona Sul de São Paulo. O ano era 2010. O grupo, de raiz periférica, se dedicou a descatracalização cultural, realizando intervenções e espetáculos teatrais em ruas e parques, buscando estimular o acesso aos bens culturais de forma descentralizada.
Os Ciclistas Bonequeiros se tornaram um braço dessa iniciativa uma vez que surgia a mobilidade como ponto substancial de pesquisa, o grupo passava assim a explorar artisticamente a bicicleta, exaltando-a, assim, como símbolo da democratização, da sociabilização e saúde.
Fazer teatro na bicicleta passa a ser mais do que uma forma distinta de se conectar com o simbólico, embora seja, mas é acima de tudo, um ato de resistência. Mais de uma década de existência na busca por uma pesquisa sensorial, como traduz o teatro e a criação de histórias em elementos artesanais responsáveis por uma conexão perdida, seja por uma sociedade consumida ou por uma pandemia que alterou de forma abrupta as reações.
Tudo começou com um caixote de feira e uma bicicleta. Depois, com apoio para a realização de um circuito em parques da periferia da cidade de São Paulo, a bicicleta começou a trilhar novos caminhos, com as buscas sempre direcionadas na arte, na educação e na inclusão como pesquisa.
Com o desejo de entender a técnica do teatro lambe-lambe, (técnica de teatro de bonecos criada no Brasil) o grupo começou com histórias sobre o poeta romancista Paulo Eiró, também mergulhou na literatura de Mário de Andrade com uma trilogia adaptada do texto Macunaíma e no universo do também itinerante circo, com a trilogia circo. A última criação do grupo havia sido a pedido do Sesc, a trilogia sorrir, com a temática da saúde bucal e bucalidade.
Agora, a trilogia recém lançada foi a “Respeito ao próximo”, que fala e traz recursos de acessibilidade nos mini teatros. A cozinha do triciclo culinário alimenta a fome de histórias de um grande público que pôde entender um pouco da cultura popular nordestina, tendo a rica história da tapioca como plano de fundo, podendo degustá-la no formato de doce. Existem duas intervenções completamente interativas em um triciclo: O triciclokê com um vasto repertório musical para que o público cante e o triciclo das histórias para que o público ouça as histórias em movimento.
O grupo também tem em seu repertório os kamishibais, uma pesquisa em contação de histórias utilizando recursos orientais com ilustrações em uma caixa. O acervo tecnológico também estará presente: durante a pandemia, foi produzida uma série de vídeos sobre o nordeste, a série “crianças forrozeiras” será exibida e também estarão disponíveis os postais que contam histórias com os recursos de realidade aumentada, libras e locução com adaptações de clássicos da literatura como Pedro Malasartes, Macunaíma, Babar – o rei dos elefantes, O pequeno príncipe e obras inéditas sobre o nordeste com xilogravuras de J. Borges.
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