Por Pedro Ambrosina
* 14.09.23 – 17:07 *
A Vila Itororó e a rua de lazer Maria José, situadas no histórico bairro do Bixiga, receberam a programação da 4ª edição do Festival de Circo do Bixiga. O projeto é produzido pelo coletivo circense Baião de Dois e é composto por artistas circenses do próprio bairro.
Desde o início do projeto, a programação é dividida entre o Centro Cultural Vila Itororó e a rua de lazer Maria José. A ideia é que os moradores do bairro circulem e ocupem tanto as atividades da rua de lazer, que já oferece eventos semanais à população, quanto estejam presentes na Vila Itororó. Isso resgata a importância de participar de um equipamento tão emblemático para o bairro, que possui uma relação significativa na vida de muitos Bixiguenses, incluindo ex-moradores do espaço em seus diversos períodos históricos.
Na Vila Itororó, diversos artistas contribuíram para o festival, proporcionando um espetáculo memorável. Pamela Chaves encantou com seu número de bambolê; os acrobatas Isis e Ewerton desafiaram a gravidade no histórico Espaço Clube Éden; os Irmãos Figura, palhaços acrobatas, arrancaram risos da plateia com seu número de clown; Mateus Rodrigues apresentou um número aéreo impressionante; Victor e Stephanie, uma dupla que mescla força, equilíbrio e cumplicidade, desafiaram a física e cativaram a atenção do público presente; Vicpster e seus bambolês também brilharam no festival. O Duo Lira do Exercirco iluminou o palco do “Bixigala” e da Vila Itororó, elevando as emoções com elegância e destreza. Lizandra Ramos e Paula Guglielmi, com uma dança aérea, fizeram todos olharem para o alto e sonharem. Mais um número de clown marcou presença na programação do festival na Vila Itororó, com a palhaça Tunina, que, do alto de suas pernas de pau, fez o público rir tão alto quanto suas pernas. A Cia do Relativo apresentou “Volta”, combinando malabarismo e teatro físico sob a ótica do absurdo, provocando uma reflexão sobre nossa relação com o controle, ou a falta dele. O coletivo Na Cia das Marionetes ofereceu “Antologia das Marionetes”, um espetáculo inspirado no universo de um ateliê e sua marionetista, onde os personagens de madeira são protagonistas de histórias curtas, transportando-nos para universos de sonhos e memórias. Esta 4ª edição do FCB também é uma edição comemorativa de aniversário da Trupe Baião de 2, que completa 10 anos. A trupe, também presente na programação do festival, celebrou seu aniversário com uma apresentação emocionante. Para encerrar o festival, Tanaka do Pife levou seu forró vibrante, marcando o fim de mais uma edição do evento.
Na rua de lazer Maria José, mais especificamente no larguinho da rua, a Cia Terrível, com as palhaças Arguta e Vanilla, deu início ao festival. Em seguida, o Duo Caponata, com os palhaços Brinjela e Pomodora, apresentou ao público uma viagem pelo Brasil em busca de realizar seus sonhos e entender como vivem os artistas de rua, uma jornada que envolve música, cenopoesia e brincadeiras. @lemon.tilt também se apresentou no larguinho da rua Maria José com o espetáculo de rua “PATAS DE PALO”, uma celebração às pernas de pau. A Cia. Exército Contra Nada levou seu espetáculo “Estado de Risco”, no qual experimentou, a partir da relação e do jogo com o público presente, apresentar números de circo e criar sensações, poesia e música.
O que é uma rua de lazer?
Criado na década de 70 pela Secretaria de Esportes e Lazer, o projeto municipal foi reestruturado em 2014, determinando que uma série de ruas da cidade, a pedido das comunidades locais organizadas, sejam fechadas para automóveis aos domingos e feriados, podendo receber diversas atividades culturais.
A Avenida Paulista é uma dessas ruas que são fechadas para o lazer dos paulistanos e seus visitantes. A ideia é aproveitar o espaço público através de ações socioculturais, esportivas e recreativas que, tratando-se de ações feitas por moradores que lutam por esses espaços em seus territórios, refletem a história e o perfil do lugar em questão. Levando em conta os interesses de cada vizinhança e que se relacionam de fato com os espaços. Dentre as ações culturais estão apresentações artísticas em diversas linguagens como circo, teatro e música; rodas de capoeira; mesa de ping pong; contação de histórias; jogos de futebol. Além da oportunidade de usar o espaço como local de encontro, um local sem carros para as crianças brincarem com segurança, piqueniques, churrascos e infinitas manifestações culturais que a população da cidade consegue manifestar.
Todos os territórios e zonas da cidade podem ter ruas de lazer para a população. Além do engajamento de moradores interessados, é necessário obter a aprovação de pelo menos 80% dos moradores do trecho e passar por uma análise da Subprefeitura e da CET.