“Tons queimados, um tanto fechados: um vermelho terra, um amarelo mostarda, cores de uma arquitetura brasileira mais antiga”. É com essas palavras que a artista Mônica Nador descreve as cores que escolheu para o trabalho desenvolvido na Vila Itororó. Uma porta vermelha, que encontrou no local, serviu de disparador. O adorno dessa porta − uma rosa − converteu-se em máscara de estêncil, que se tornou padrão gráfico, que por sua vez virou pintura. Pois é de pintura que se trata. Mas de uma pintura versátil, que extrapola seus próprios limites: fotografia, máscara de estêncil, parede, tecido e agora papel impresso; são alguns dos meios e suportes da prática expandida de pintura desenvolvida por Mônica Nador. Desde 2003, essa prática se desdobra numa diversidade de ações que ela vem realizando no Jardim Miriam Arte Club / JAMAC. Como em outros projetos da artista, “Padrões da Vila” se caracteriza por um trabalho longo, porém, inquieto, realizado em muitas mãos − o que culmina por deslocar a questão da autoria e da representação. O processo envolveu ex-moradores do local, moradores do Bixiga e interessados em geral. Não se tratou de representar a Vila, mas de compreender o local como um agente ativo, conectado a outros capazes de pensar o seu passado e de testar o seu futuro no presente. A Vila se transforma e se reinventa a partir dela mesma.